Praça São Salvador pode ser cercada com grades

Proposta da vereadora Leila do Flamengo é refutada por moradores que fazem debate no local


Conhecida pelas noites embaladas a música e roda de samba - e pelas manhãs de domingo tranquilizadas com o "chorinho" de sempre -, a Praça São Salvador pode ter a sua essência vanguardística cortada de vez. A vereadora Leila do Flamengo (PMDB) parece não tirar da cabeça uma ideia fixa, mesmo com todos os ataque que vêm recebendo de moradores e entusiastas do local. Em ofício encaminhado ao secretário municipal de Conservação e Serviços Públicos, Marcus Belchior, a autoridade exige o cerceamento da praça a fim de evitar a realização de evento barulhentos durante dias de semana.

Carta aberta: moradores estão firmes.
"Leila do Flamengo não nos representa"
Foto: Reprodução

"Quem apoia as festas é porque não mora ali. É muito bom quando é na frente da casa dos outros. É preciso arrumar um outro local para esses eventos. A sugestão foi que, com o cercamento, a praça passasse a ficar fechada a partir de um determinado horário. A intenção é proteger quem vive naquela região. As pessoas precisam entender que ali não é a Lapa", disse Leila, ao jornal O Globo. 

Nas redes sociais, mais de 8,5 mil pessoas se reúnem na página "Eu não quero grade na Praça São Salvador", no Facebook. Na última quarta-feira, cerca de cem pessoas debateram a privatização do espaço público no local. Na ocasião, distribuíram uma carta aberta em que afirmam a posição contrária à proposta da vereadora (veja ao lado). O deputado federal Jorge Bittar (PT) entrou na discussão e mostrou a sua opinião: "As praças são locais de encontros entre as pessoas, e precisam continuar a ser. Repudio a ideia do gradeamento, mas entendo a importância do diálogo entre moradores para resolver eventuais problemas que afetam a boa convivência".

Moradora de um apartamento com janelas que dão de frente para a praça, Lucila Schmidt pondera ambos os lados, entre quem reclama do barulho e quem curte as festas como se não houvesse amanhã. "É claro que todos repudiam o desrespeito que fazem com o nosso sono. Mas isso é uma questão de ordem pública, que tem que ser gerenciada pelo poder público. O gradeamento, além de uma aberração urbanística, não resolve o problema do desordenamento. É importante lembrar que, mesmo aqueles que reclama das grades, também reclamam da baderna que acontece nas madrugadas. Os problemas precisam ser resolvidos com sensatez" desabafou.

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